04 janeiro, 2008

 

Guarda Municipal: promessa a ser cumprida

Por Luiz Ernesto

Ainda faltando um bom tempo para concluir sua primeira etapa de trabalho, o prefeito Wilson Santos pode efetivamente virar o jogo eleitoral em 2008 se concretizar um dos projetos mais ansiados da população de Cuiabá: a instalação da Guarda Municipal. Trata-se de uma de suas promessas de campanha, ainda na realizada em face da turbulência administrativa que foi eclodindo a partir do instante em que o prefeito Wilson tomou pé da exata situação financeira da Municipalidade, atrelada a encargos quase impagáveis, a típica herança maldita de antecessores. Está em tempo, no entanto.

Wilson sempre demonstrou que não lhe falta visão futurista e, principalmente, força de trabalho, determinação criteriosa, para cumprir à risca as suas prioridades de administrador. Afinal de contas, a máquina municipal precisa andar, a despeito das controvérsias que se intercalam entre os projetos delineados e os desafios que se interpõem nessa vontade de fazer. Wilson sabe disso e vem se empenhando até de uma forma mais sábia.

Ainda que suas iniciativas na preservação do patrimônio público possam levantar críticas pela injeção de recursos nesses empreendimentos, é sabido que a maioria das obras conta com a colaboração parceira e decisiva de instituições diversas, de âmbito privado e público. Wilson faz o que a alma de historiador o leva a fazer, entendendo que Cuiabá precisa preservar seu lado existencial, algo imprescindível à concepção futura dos avanços registrados pela cidade.

Lógico que a instalação da Guarda Municipal eclode diante do que alguns poderiam entender como ‘exorbitância de gastos desnecessários’, sem atentar que a instituição de um modelo de segurança municipal demanda uma estrutura contínua e que não se encerra simplesmente com a finalização das obras de determinado empreendimento. E como fica assegurada a continuidade operacional da GM, diante do montante de encargos que a Prefeitura vem conseguindo cumprir honrosamente e com dificuldades imensas?

É nesse ponto que também se anuncia um reclame que a Prefeitura pode aclamar sem receios de ser mal-interpretada: uma maior injeção de recursos do Estado para amparar os municípios com deficiências gritantes e que implicam em riscos à segurança da população. O Governo de Mato Grosso poderia direcionar verbas sistemáticas à Municipalidade, tornando real o sonho dos cidadãos cuiabanos de também contar com a GM, realidade na cidade vizinha, Várzea Grande.

Lembro-me muito bem de que, quando adolescente, cada pracinha de Cuiabá tinha o chamado “guarda” da Prefeitura. Além da questão de segurança, ele ainda cuidava da manutenção da mesma. Era contratada geralmente uma pessoa da própria comunidade. O patrimônio público durava muito mais tempo para necessitar de uma reforma.

A realidade atual é outra: são escolas, Postos de saúde, Centros Comunitários, Centros de Convivências, praças públicas, ginásios de esportes, enfim, tudo destruído por vândalos. Culpar o prefeito é uma clara injustiça cega àquele que tem se esforçado para garantir a integridade física do patrimônio público. Mas fica mesmo difícil conter a sede de vandalismo criminoso que acomete os quadrantes do município cuiabano:

Vou citar apenas alguns casos já publicados na imprensa:

Escolas: A Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer (Smedel) de Cuiabá administra 121 estabelecimentos na capital, de Educação Infantil e Ensino Fundamental, além de 18 escolas na área rural. Em 2006, o órgão gastou mais de R$ 1,7 milhão com reformas emergenciais; R$ 500 mil a mais que em 2005.

Iluminação:Além deixar a população no escuro, os inúmeros furtos às fiações subterrâneas está obrigando a instalação de cabos aéreos. O prejuízo é superior a R$ 40 mil. Por mês, são trocadas em média 600 lâmpadas. O gasto mensal chega a R$ 24 mil. Se contabilizados os transformadores queimados ou furtados, porque são fontes de cobre, o gasto é muito maior.

Pronto Socorro Municipal: Destruir pés de cadeira, tampas de vaso, torneiras de bebedouro, arrancando estofados de cadeiras e demais objetos de uso são ações corriqueiras praticadas por usuários do Pronto-Socorro de Cuiabá. Aliado aos furtos de travesseiros, equipamentos médicos, remédios e até roupas de cama, o gasto chega a R$ 500 mil por ano. O recurso seria suficiente para uma reforma completa em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com 10 leitos.

O mais lamentável é que a Prefeitura repõe tudo isso, já sabendo que 90% dos investimentos serão inúteis, porque a ação depredatória não termina jamais. É triste ver o dinheiro indo para o ralo desse jeito.

Wilson Santos tem lamentado que alguns tenham uma visão tão depreciativa daquilo que, em tese, deveriam preservar. Também sabe que a efetiva criação da Guarda Municipal não irá resolver o problema da insegurança, mas amenizará substancialmente a depredação do patrimônio publico municipal, que assim teria mais recursos para investimentos e atendimento de outras necessidades da população.

Por outro lado, é necessário que todos nós, consigamos conscientizar os nossos filhos da obrigação de zelar e manter o patrimônio público construído a duras penas pela cobrança de exorbitantes impostos de todos nós.

Educação e consciência cidadã. É disso que todos precisamos. Além, é claro, da efetiva penalização daqueles que insistem em infringir a lei.

E-mail: escrevaprobarreto@terra.com.br


Luiz Ernesto é cuiabano, funcionário público aposentado é diretor de Comunicação da Afemat (Associação dos Funcionários da Fazenda de MT





<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?