17 fevereiro, 2006

 
VOLUNTARIADO E CIDADANIA:
O Mau Exemplo do Governo e dos Governantes

Procurei desde jovem fazer a minha parte no tocante a participação ativa que todo cidadão deve ter na sociedade, procurando discuti-la e melhora-la.
Por ter sido contemplado com melhores condições de vida e estudo que me foi ofertado às duras custas pela minha família, sentia-me desde cedo na obrigação de participar de movimentos e iniciativas que buscassem essa discussão do modelo ideal para construirmos uma sociedade melhor e mais justa. Nas escolas, nos clubes de serviços, instituições não governamentais, partidos políticos, enfim, onde o campo farto do debate nascia, lá estava eu a palpitar, discutir, sugerir, pressionar, etc.

Esta atuação acabou por trazer para dentro de casa após a constituição da minha própria família esse modo de ser. Discutir, debater tudo que diga respeito aos direitos e deveres como cidadãos. Meus filhos até que se contagiaram por um bom tempo com as idéias do pai idealista, incisivo da defesa de suas idéias.
Os mesmos mecanismos de comunicação (rádios, jornais, tv, internet, etc) que nos traziam as informações e temas que nos abasteciam no dia a dia para as nossas entusiasmadas conversas de finais de semana e onde tirávamos as nossas avaliações sobre os fatos divulgados, trouxeram o descrédito e a indiferença posterior adotadas pelos filhos no que tange a esse tema.
Encafifado com o fato, passei a procurar a resposta pela nova postura dos herdeiros até que um belo dia de tanto cutuca-los pela resposta, ouvi :

“Pai o Sr. já observou quanto de maus exemplos de governos e governantes nos são mostrados todo santo dia pelos meios de comunicação? Como seremos estimulados a além da nossa parte já obrigatória de pagarmos impostos e vivermos harmonicamente com os nossos semelhantes, participarmos ainda de iniciativas que possam ajudar a redução dessa diferença social hoje existente, se o Governo e os Governantes são os primeiros a dar o exemplo do que não se deve fazer. Desvio e/ou mau uso do dinheiro público, fraudes em eleições, corrupção, etc.
Nós estamos cansados de fazer a nossa parte e vermos o Governo e seus ocupantes só roubarem. Já fazemos a nossa parte, o Governo que faça a dele.”
Caiu então a ficha como costumam, eles mesmos a dizer.

O velho mau hábito de querer dar uma resposta para tudo, me fez dizer : “Isto não é justificativa.”
Confesso que foram necessários alguns dias para digerir os argumentos apresentados, me recompor e tomar coragem para retomar o assunto e tentar repor as coisas nos seus devidos lugares.

Tenho que reconhecer que o argumento em parte estava e está certo.
A conscientização que tomou conta de toda a sociedade (especialmente dos mais jovens) na busca de uma participação mais ativa e de solução de nossos problemas seja através de ações de voluntariado, Organizações não governamentais, partidos políticos, etc., tem um limite e deve ser seguida dos bons exemplos dados por Governos e Governantes, sob pena de se criar o clima de desanimo e descrédito e chegarmos ao cumulo do “cada um cuida de si e Deus de todos”.
Não deixemos que isso venha a acontecer.
Seria a negação da existência de qualquer sociedade.
Ah! No meu caso, o Fórum caseiro dos finais de semana continua a todo vapor e como não poderia deixar de ser, a bola da vez o tal “Mensalão” e Mensalinho. (que belo exemplo para os jovens)


Luiz Ernesto Barreto
É Cuiabano, funcionário público estadual aposentado
escrevaprobarreto@terra.com.br
http://aimprensacuiabana.blogspot.com/



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